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Medium, Rascunhos e Horror Cósmico

Tiago da Silva

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A verdade é que o meu Medium virou um bloco de anotações. E não é de hoje, já faz uns 5 anos pelo menos. Eu chego no trabalho, faço login nas redes, logo no Medium e deixo ali aberta uma página para um suposto texto NOVO e vou lançando coisas ali, relativas à tarde, à vida.

Por que o layout é leve e bonito. Eu gosto.

Tem listas de compras, tarefas do trabalho, datas de provas, tópicos para a terapia, insights sobre treinos, muita legenda de post. Tem muito rascunho de e-mail também. De e-mails malcriados que acabam nunca sendo enviados, ou enviados em versão mais branda. Lendo aqui eu vejo quão grosseiro estava o tom, e sem o risco de enviar sem querer. O que, aliás, já aconteceu muito em tempos idos.

Mas algo decente e publicável não tem passado por aqui, faz tempo.

Vou tentar publicar alguma coisa ao menos uma vez na semana, como exercício, mesmo que não seja digna de publicação. Pra ver se retomo o hábito. Futilidades, amenidades, banalidades.

De que falar?…

Ah, dois meses atrás, eu não sei que conversa que tive perto do telefone, mas ele ouviu e achou que Horror Cósmico era um interesse meu e me bombardeou de conteúdos e dicas sobre o assunto. Uma centena de coisas. Detalhe: nunca foi um interesse meu.

No meio da avalanche de conteúdo que recebi sobre o assunto surgiu um link do Catarse para financiar uma nova edição de um livro chamado A Casa no Limiar, de William Hope Hodgson.

O título era bom, a premissa era promissora. Pois veja se não faltavam apenas poucas horas para fechar o prazo. Perdi. Me irritei por ter perdido o prazo porque já havia comprado, em partes, a ideia e estava querendo o lance. Irlanda, manuscrito misterioso, solidão: tinham me fisgado.

Resignado, catei uma versão online gratuita e me lancei à tarefa, mesmo sabendo que ler um PDF mal diagramado na tela de um smartphone não é a mesma coisa que manusear e rabiscar a coisa toda, física.

O que posso dizer: a parte do Horror — primeiros dois terços do livro, porra: é adorável. Gostoso demais. Sabor de Cine Trash. Manda mais!

Agora, era Horror Cósmico, né? Vou te dizer que a parte do Cósmico levou a brincadeira pra outro lado e nesse outro lado eu não vi muita graça, não. Tanto que meio que abandonei o barco no meio do terço final e tô me enrolando até hoje pra retomar porque pareceu uma coisa esquisitíssima — e não de um jeito bom.

Então, a dica, se é que há alguma dica, seria algo como: leia os primeiros dois terços de A Casa no Limiar e depois complete a narrativa com a sua imaginação, como é recomendado para a maioria das obras de Stephen King. Se uma coisa é 70% boa, deve valer a pena.

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Tiago da Silva

Às vezes me surpreendo com o que escrevo, porque não sabia que pensava assim.